Um dos grandes goleiros da história do futebol brasileiro, Júlio César se despede neste sábado dos gramados, aos 38 anos de idade, ele vai pendurar as luvas diante do América-MG, em jogo válido pela segunda rodada do Campeonato Brasileiro.
O último ato de Júlio César nos leva a uma viagem ao túnel do tempo para relembrar o começo e a ascensão daquele que sem dúvida foi o maior goleiro formado nas categorias de base do Flamengo. Nesta primeira parte, vamos falar sobre os primeiros anos da carreira do jogador.
Nascido em Duque de Caxias e criado na Penha, subúrbio do Rio de Janeiro, Júlio começou a carreira no futsal, como a maioria dos jogadores na cidade carioca. Aos 12, chegou para fazer um teste no Flamengo, onde fez toda a categoria de base até chegar ao profissional.
No ano de 1997, Júlio César fez a sua estrea como profissional, aos 17 anos de idade, o duelo era diante do Botafogo, pela Taça Juiz de Fora. A partida terminou em 0 a 0 e o garoto deu sinais de poderia vir a ser um grande jogador.
(Foto: Flamengo / Divulgação)
Primeiro porque Júlio, que ficou sabendo no vestiário que entraria em campo, mostrou personalidade para encarar o desafio e segundo porque defendeu até pênalti na partida, aliás, algo que viria a se tornar marca registrada do arqueiro.
Apesar da boa estreia, Julio César ficou três anos atuando esporadiamente e sendo reserva de Clemer, em 2000, assumiu a titularidade no gol Rubro-Negro e desde sempre passou confiança ao torcedor.
Em 2001, Julio Cesar foi fundamental na conquista do tricampeonato carioca, muitos se lembram do gol do Pet, mas as importantes defensas do arqueiro foram fundamentais para que o Flamengo saísse de campo com a taça.
Flamengo/Divulgação
(Foto: Flamengo / Divulgação)
Fora dos gramados, ele sempre mostrou muita personalidade, líder desde garoto, Julio não perdeu a oportunidade de devolver a provocação feita pelo então presidente vascaíno Eurico Miranda. Sem papas na língua, ele chamou o mandatário cruzmaltino para beber chopp e comemorar a taça Rubro-Negra.
No ano seguinte, Júlio foi convocado pela primeira vez para a Seleção Brasileira, logo após a Copa do Mundo daquele ano, mas só foi fazer a sua estreia no gol da Canarinho em 2004, na emblemática Copa América do Peru, onde o técnico Carlos Alberto Parreira levou uma equipe alternativa e que, num primeiro momento, não acreditava-se capaz de brigar pelo título.
Durante toda a competição, Julio Cesar se mostrou muito decisivo, fazendo defesas importantes e pegando pênaltis. Na final, diante da Argentina, o jovem goleiro foi decisivo ao defender a primeira penalidade encaminhando o improvável título.
(Foto: Omar Torres / Getty Images)
Desde sempre, o goleiro brasileiro também se mostrou muito emotivo, em 2003, em um clássico diante do Fluminense, em que o Rubro-Negro perdia por 4 a 0, Júlio pegou a bola e saiu driblando os adversário até sofrer uma falta na ponta esquerda do ataque, a atitude do goleiro foi criticada pelo técnico Evaristo de Macedo.
Na entrevista na beira do gramado, Julio explicou os motivos de ter feito o que fez afirmando que estava se sentindo desesperado e imponente diante da situação.
"O Fluminense estava colocando a gente na roda e eu queria ajudar meus companheiros, que passavam por uma situação difícil. Extravasei porque estava triste e magoado, mas já me desculpei".
Com a camisa do Flamengo, Julio Cesar conquistou três Campeonatos Cariocas e uma Copa dos Campeões, no entanto, o feito que é considerado mais importante para os torcedores é o fato do goleiro ter contribuído e muito para que o Flamengo jamais tenha disputado a série B do Campeonato Brasileiro.
Gilvan de Souza/CR Flamengo/Divulgação
(Foto: Gilvan de Souza / Flamengo / Divulgação)
Júlio fez parte do plantel Rubro-Negro em uma das épocas mais complicadas da história do clube, em que sempre brigava para não cair, apesar disso, o goleiro estava lá, embaixo das traves fazendo seus milagres e contribuíndo bastante para que a instituição permanecesse na primeira divisão.
