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Novo coringa de Guardiola, Danilo "persegue" Dani Alves e se derrete por Marcelo: "É o mais habilidoso de todos"

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GOAL Por Bruno Andrade

De Zidane para Guardiola, do Real Madrid para o Manchester City e, agora, de volta à seleção brasileira, desta vez com Tite. Danilo, de fato, não pode reclamar. Depois de dois anos na Espanha, o lateral-direito resolveu rumar à Inglaterra no último mercado de transferências na Europa e já tem colhido frutos da decisão. Aumentou o leque de opções táticas do time inglês, que faz grande início de temporada, e voltou a ver como realidade o sonho de jogar a Copa do Mundo de 2018.

Em entrevista ao Blog Ora Bolas , o brasileiro de 26 anos, que em seis jogos no citzens já atuou nas duas laterais e até como zagueiro, revela que deseja "desfrutar" dos bons momentos para assumir o posto de sucessor de Dani Alves, rasga elogios ao ex-companheiro Marcelo, que tecnicamente é superior a Cristiano Ronaldo, e se mostra impressioanado com Gabriel Jesus. 

Imagino que a decisão de deixar o Real Madrid não tenha sido fácil. Como encarou a mudança?
Foi uma decisão bem pensada durante as férias, durante o último verão europeu. Pensei bastante porque, claro, a gente terminou em grande a temporada no Real Madrid, como campeão da Champions, da Liga, e eu consegui ter mais minutos no final da temporada. Mas foi uma decisão bem planejada. Não foi fácil, mas a partir do momento que o City demonstrou total interesse em contar comigo e me abriu as portas da forma que foi, quis vir para cá.

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Em algum momento pensou em desistir da negociação e ficar na Espanha?
Não foi fácil, porque realmente estava super adaptado ao país, ao clube, minha mulher e meu filho também. É uma mudança que envolve muita coisa. Mas estou muito satisfeito aqui no City, em Manchester, estamos nos sentindo à vontade, em casa. Fomos muito bem recebidos no clube e na cidade, o que é muito importante.

Como é para você, mesmo sabendo que não vinha tendo uma grande sequência no Real Madrid, saber que estava sendo observado pelo Guardiola?
Os jogadores do Real Madrid têm uma visibilidade enorme, é um elenco muito qualificado, com jogadores que são os melhores do mundo em suas posições. Poder trabalhar com o Guardiola é uma felicidade imensa, porque ele, além de ser um treinador com muita qualidade, um profissional que admiro desde sempre, é uma pessoa muito bacana no dia a dia, é uma pessoa super competitiva, que é algo que também busco para mim. Estou super satisfeito.

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(Foto: Getty Images)

Você foi treinado por grandes nomes, como Zidane, Ancelotti... Mas sentiu alguma sensação diferente quando viu o Guardiola pela frente?
É bacana, porque, como eu disse, sou adepto do estilo de jogo dele. É um futebol com as linhas muito altas, com muita posse de bola, de muita pressão, sempre pressionando o adversário e querendo a bola. É uma maneira que sinto confortável de jogar. Fiquei satisfeito, claro. Mas seria injusto falar apenas do Pep, até porque também tem toda a estrutura do clube, o Txiki [Begiristain], o Ferran Soriano, todos fizeram um esforço muito grande para o negócio acontecer. Todos foram super importantes na decisão.

Está preparado para ser o novo jogador moldado por Guardiola? Com ele, lateral vira zagueiro, zagueiro que vira volante...
Durante toda a minha carreira sempre joguei bastante em variadas posições. Como costumo dizer, gosto sempre de jogar. Não penso se vou jogar na lateral direita, na esquerda, no meio, na defesa... Estou sempre motivado para jogar. Dentro de uma equipe que tem um sistema tático bem definido, onde cada um sabe bem o que precisa fazer, é mais fácil de jogar. Então já pude demonstrar nos primeiros jogos que posso jogar na direita, na esquerda, na defesa e no meio-campo. Já demonstrei que posso ser esse jogador. E, claro, o mais importante é estar no time titular.

Ser ambidestro sempre foi uma vantagem ou já atrapalhou em algo?
Desde que eu me entendo por gente o meu pai sempre cobrou isso, saber chutar com o pé esquerdo. Por incrível que pareça, durante uma altura da minha carreira, eu tinha mais gols com o pé esquerdo do que com o pé direito. Sempre me favoreceu muito no futebol. Agradeço muito meu pai por isso. 

Zidane no passado recente, Guardiola no momento e agora com Tite na seleção brasileira. Não pode reclamar dos seus treinadores, certo?
[Risos] Não, de maneira alguma. A única coisa que tenho que fazer é agradecer e procurar explorar deles o máximo possível para aprender, para evoluir, como jogador e como pessoa também. 

Danilo | Austria-Brazil | International Friendly | Ernst-Happel Stadion | 18112014Bruno Domingos/Mowa Press
(Foto: Bruno Domingos/Mowa Press)

Imaginava chegar no City e em tão pouco tempo voltar à seleção? Sentiu que o processo foi muito rápido?
Na verdade tem sido um processo que, claro, teve uma importância muito grande ter começado muito bem no City, na Premier League, começar jogando e sendo importante para o clube, porém o final da minha passagem pelo Real Madrid também faz parte disso, onde consegui ter uma sequência bacana de jogos, sempre em alto nível. Foi o conjunto que me fez voltar à seleção.

Por que você acha que nunca foi "absoluto" na seleção, como o Dani Alves? Tem uma auto-crítica?
Um dos principais motivos é que compito com um jogador que seja talvez um dos melhores laterais da história do futebol, por tudo aquilo que ele já fez, por tudo o que já ganhou. Quando tive a oportunidade de ter uma sequência na seleção, com o Dunga, logo na minha primeira competição, a Copa América [em 2015], tive a lesão no tornozelo. No ano seguinte, na outra Copa América [Centenário, em 2016], tive que operar o mesmo tornozelo. Talvez seja um pouco de... Não de azar, mas as coisas aconteceram num momento equivocado, o que gerou uma quebra da sequência. Mas estou super feliz, os momentos que tive na seleção foram bacanas, aprendi e desfrutei muito. Estou doido para voltar para lá agora e encontrar toda a galera, a comissão técnica nova. Quero aproveitar o momento.

Ainda tem esperança de jogar a Copa do Mundo na Rússia? A concorrência é grande...
Esse é o objetivo. O primeiro passo era tentar voltar à seleção, ser convocado o mais cedo possível. Como costumo dizer, a partir do momento que você está desfrutando o futebol no seu clube, a partir do momento que você está à vontade, a seleção é uma consequência. O objetivo é jogar a Copa do Mundo, sem dúvida. Mas vou passo a passo, tratar de aproveitar esses momentos, desfrutar, aprender ao máximo e pouco a pouco buscar uma vaga.

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(Foto: Manchester City Oficial/Divulgação)

Tem a percepção que com o Daniel Alves já na fase final da carreira, você pode ser o futuro da lateral-direito da seleção?
Sempre busco olhar para o momento. É claro que é muito bacana quando um jogador ter uma história larga dentro da seleção, mas olho para o momento. Se estiver desfrutando do futebol e bem no meu clube, a seleção será uma consequência. Quero, sem dúvida, ser o próximo lateral-direito da seleção durante bastante tempo. Mas isso será de acordo com os momentos, passo a passo, sem pensar lá frente para não acabar esquecendo o dia a dia.

Com um eventual título mundial com a seleção em 2018, o Dani Alves assume o posto de maior lateral-direito da história do Brasil?
Sou muito suspeito para dizer, porque sou um grande fã do Cafu também, por tudo aquilo que ele representava, não só em termos de títulos, mas também em liderança dentro da seleção. Mas o Dani, por tudo o que já conquistou, merece o máximo respeito. Se não é o maior, está entre os maiores, com toda a certeza. Mesmo se não tivesse ganhado todos esses títulos, ainda seria um dos melhores laterais, por tudo aquilo que ele joga, pela qualidade, pela capacidade decidir jogos. Ele é um dos maiores.

O Marcelo é o lateral-esquerdo mais habilidoso da história? É o maior do mundo hoje na posição? É raro um lateral-esquerdo fazer tudo o que ele faz...
Sem dúvida. Eu, nos bastidores, digo para os meus amigos: há três jogadores que já vi fazerem coisas de outro mundo nos treinos. Um é o Neymar, o outro é o Isco e outro o Marcelo. Ele faz cada coisa...

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(Foto: Getty Images)
 

E o Cristiano Ronaldo?
Ah... O Cristiano é um jogador que quer fazer gols, ele é número, ele é resultado, é um pouco diferente. O Marcelo é incrível. Ele gosta de jogar bola, sabe? Do tipo moleque, adora jogar bola. O Isco também é bem parecido, ambos têm um futebol de rua, de improviso. São incríveis. Esses três jogadores fazem coisas espetaculares nos jogos e nos treinos. O Marcelo, em termos de habilidade e qualidade técnica, é o maior de todos. 

Você vê no Gabriel Jesus traços de Ronaldo Fenômeno?
[Risos] É ruim fazer comparações, ainda mais com o Ronaldo... Não me sinto confortável em falar sobre isso. O Gabriel [Jesus] tem sido uma grata surpresa para mim. É um garoto com muita capacidade de decidir jogos, de criar jogadas, é uma coisa impressionante. Não o conhecia tão de perto para falar, tinha visto jogar poucas vezes. Ele também tem maturidade tática muito grande. Mesmo com pouco tempo na Inglaterra, é um garoto que aprendeu bastante, que dá muita qualidade para o time. Espero que ele possa atingir o nível do Ronaldo, porque será bom para o nosso clube, para o Brasil. Vai ajudar bastante.

Você jogou com Cristino Ronaldo, joga com Neymar... Agora só falta jogar com o Messi, quem sabe aqui no Manchester City. É o próximo passo?
[Risos] Não, não... Não penso nisso. Estou muito satisfeito com os meus companheiros, o Gabriel [Jesus], o Kevin [De Bruyne], o David [Silva], todos jogadores excecionais. Temos também uma safra de grandes jovens, como Sané, o Sterling, que também são excecionais. Nosso grupo é muito bacana. Qualquer reforço será bem vindo, é óbvio, mas estamos satisfeitos.

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