GFX Falcão Roma

Falcão relembra drama na final contra o Liverpool, e confia em milagre da Roma: “tem que acreditar”

Paulo Roberto Falcão muito provavelmente era o maior craque do futebol brasileiro em 1979, ano em que liderou o Internacional ao seu terceiro título brasileiro em cinco anos. E olha que isso não era tarefa fácil, numa época em que os maiores protagonistas do nosso país ficavam dentro de casa.

O desempenho do meio-campista colorado chamou a atenção de algumas grandes equipes europeias, como o Milan, mas no final das contas foi a Roma quem conseguiu levar Falcão, em transação que rendeu a quantia de 1,5 milhão de dólares ao Inter – um valor gigante para a época. E a equipe da capital italiana não se arrependeu, já que o brasileiro tornou-se um imortal com as cores giallorossi.

Ao longo de cinco temporadas [de 1980 até 1985] foram dois títulos de Coppa Italia e um Scudetto de Serie A. Este último, em 1983, creditou a Roma à disputa da Copa dos Campeões da Europa [atual Champions League] da temporada seguinte. Aquele timaço de Falcão conseguiu chegar à grande final, vencida pelo Liverpool por 4 a 2 nos pênaltis após o empate em 1 a 1.

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Tudo isso justamente no mesmo estádio Olímpico da capital italiana onde, 34 anos depois, a Roma precisa bater justamente o Liverpool para retornar a uma final europeia. Em entrevista exclusiva para a Goal Brasil , Falcão demonstra confiança de ver sua ex-equipe superar o Liverpool, após derrota por 5 a 2 no jogo de ida realizado na Inglaterra.

“A grande dúvida é como a Roma vai reagir agora, diante do Liverpool. Mas eu acho que a campanha é excelente. Chegar em uma semifinal de Liga dos Campeões não é fácil. Recuperaram contra o Barcelona, é outro jogo, outra característica de jogo... mas a Roma tem que acreditar, evidentemente. Joga em casa, a torcida da Roma é incrível, vai jogar junto. Tem que acreditar, aqueles dois gols deram uma vida”.

James Milner Daniele De Rossi Liverpool RomaGetty Images O brasileiro avaliou o embate semifinal no jogo de volta (Foto: Getty Images)

Para Falcão, o grande desafio será equilibrar a necessidade de fazer gols com a obrigação de não ter a meta vencida: “Esse é o desafio: criar uma situação de atacar, mas com os cuidados de não dar o contra-ataque”.


JOGANDO NO SACRIFÍCIO EM 1984


Falcao Roma

Perguntado se há como comparar aquela Roma com a que, depois de tanto tempo, foi a que chegou mais perto daquela campanha, Falcão diz que é uma tarefa impossível.

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“É outra torcida, outra geração. É muito tempo, não tenho condição nenhuma de fazer qualquer tipo de comparação. Foi 1984, estamos falando de 34 anos atrás. O cara de 40 anos, tinha 7 anos lá. É outra geração, outro torcedor, outra maneira de ver o jogo. É tudo diferente”, avaliou o craque, que elogia o trabalho do treinador atual romanista, Di Francesco.

Mas Falcão não fugiu da dividia ao relembrar aquela final de 1984, na qual recebeu algumas críticas à época por não ter se apresentado para as penalidades. O motivo, entretanto,  foi um problema no joelho que o levou ao máximo sacrifício.

“Na semifinal eu não joguei na ida, e na volta eu tive que levar uma injeção no joelho para entrar em campo”, explica. “Na final eu também levei injeção para jogar, e o agravante foi que, além dos 90, foram 120 minutos. Já tinham saído os jogadores da Roma e eu tive que ficar. Quando começaram os 30 minutos da prorrogação, já tive dificuldades”.

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“Naquele jogo, se eu tivesse condições, eu seria o quinto. Mas também não adiantaria, porque não batemos o quinto pênalti (...) No intervalo, na prorrogação, o Liedholm [treinador da Roma] já sabia que eu não iria bater por causa das minhas condições”, concluiu.

Apesar da traumática derrota para um Liverpool que era a grande força do futebol europeu, ao menos veio o título de outra Coppa Italia para coroar o que é, para muitos, a melhor Roma da história. Liderada justamente por Falcão. E é com a sabedoria de quem  já viveu tanto no futebol que o brasileiro segue acreditando no clube que o alçou à posição de Rei: “Fazer 3 a 0 é difícil, mas temos exemplos no futebol de que é possível”.

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