Didi of Real Madrid & Brazil

Didi foi de craque do Brasil campeão do mundo a adversário na Copa de 1970

As voltas que o mundo dá. Foi com esta frase que o jornal O Globo, em 1970, tratou, em uma de suas muitas matérias, do reencontro entre Didi e a seleção brasileira.

Dias depois, o Brasil começaria o mata-mata daquela Copa do Mundo, disputada no México, contra o que muitos consideram ser, até hoje, a melhor seleção peruana da história. Uma equipe treinada exatamente pelo eterno Valdir Pereira.

Didi está eternamente na história como um dos maiores craques de nosso futebol. Foi ídolo no Fluminense, no Botafogo e também com a camisa canarinho, onde foi peça importantíssima nas conquistas dos mundiais de 1958 e 1962 pela nossa seleção, sendo decisivo com a bola nos pés mas também com sua liderança tranquila – como se desse ordens apenas pelo olhar.

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A carreira como técnico iniciou quando ainda era jogador, com Didi exercendo, ao mesmo tempo, ambas as funções no Sporting Cristal, do Peru. O “Príncipe Etíope”, como também fora apelidado, ainda voltou para o Botafogo e passou pelo México antes de, aos 38 anos, finalizar sua carreira pelo São Paulo. De lá para frente, ficaria apenas na área técnica. E foi justamente no retorno ao Sporting Cristal que o craque dos campos mostrou que também poderia ser grande como técnico.

Campeão peruano com duas rodadas de antecedência, tendo um time elogiado pela forma de jogar, o convite da seleção do Peru veio logo na sequência - e imortalizou de vez a figura de Didi naquela função.

Onde assistir e que horas vai passar a reprise de Brasil x Peru na Copa do Mundo de 1970?

O caminho rumo à classificação para o Mundial de 1970 foi carimbado com uma vitória sobre a Argentina. Uma vez no México, os peruanos eram vistos com certa indiferença e curiosidade, mas em campo demonstraram grande força:  bateram a Bulgária, o Marrocos e mesmo a derrota para a Alemanha não os tirou da competição. Mas o adversário no primeiro mata-mata seria justamente o Brasil – a equipe treinada por Zagallo, ex-companheiro de seleção e Botafogo.

O time peruano era exaltado e contava com nomes de destaque, como o atacante Teófilo Cubillas –  que faria um gol sobre o Brasil. Mas no primeiro grande encontro em Copas de um campeão do mundo contra seu próprio país, quem levou a melhor foi o time de Pelé, Tostão, Jairzinho, Gerson e grande elenco. A seleção venceu por 4 a 2 e avançaria para as semifinais.

Se Didi, antes do jogo, havia dito que ficaria feliz com qualquer resultado, após a derrota o craque demonstrou a mistura do orgulho pela campanha histórica com a seleção peruana, com o alívio de enfim poder torcer pelo título brasileiro.

“Quero ver o Brasil tricampeão”, disse após a partida, segundo matéria publicada em 15 de junho de 1970 pelo jornal O Globo. “Como técnico, não posso estar triste. Sob minha direção [o Peru] foi mais longe do que todos esperavam”, completou.

O próprio Didi também alçaria voos interessantes como treinador.

Ainda na década de 1970, treinou o River Plate da Argentina antes de rumar para a Turquia – um mercado pouquíssimo explorado até então –, onde colocou seu nome na história do Fenerbahce (conquistando dois campeonatos turcos e uma supercopa). De volta ao Brasil, foi campeão carioca pelo Fluminense (1975) e levou o Cruzeiro ao título mineiro de 1977.

Encerrou, de vez, a carreira no final dos anos 80.

No Brasil, a lembrança que ficou foi a do craque, mas Valdir Pereira também demonstrou, especialmente com a seleção peruana, que entendia de futebol de forma completa. O duelo entre o seu time com o de Zagallo é um dos muitos jogos históricos de Copa do Mundo.

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