Rodrigo Pimpão Botafogo 10 10 2019Vitor Silva/Botafogo

Criticado por Montenegro e torcida, Pimpão foi e continua sendo símbolo deste Botafogo

Rodrigo Pimpão é o maior artilheiro do Botafogo na Libertadores da América. Foram cinco gols, todos eles anotados em 2017. É o mesmo número em relação a dois grandes ídolos da história alvinegra, como Jairzinho e Dirceu.

A diferença é que Pimpão não é habilidoso ou decisivo como seus antecessores. Ídolo, muito menos. Pelo contrário: é um dos jogadores perseguidos por vaias e, mais recentemente, pelas palavras de Carlos Augusto Montenegro, presidente do clube no título brasileiro de 1995, em áudio vazado nesta quinta-feira (10).

Mas o jogador de 31 anos talvez seja o maior símbolo do futebol jogado pelo Botafogo nos últimos anos. A análise aqui é uma crítica técnica e um elogio à postura profissional.

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Despedida como xodó

É importante lembrar o contexto da chegada do atacante. Foi em 2015, quando o Botafogo se preparava para a disputa da Série B vivendo já o temor de que a sua camisa não seria o bastante para retornar à elite. A campanha acabou sendo muito melhor do que o esperado, terminando em título e acesso antecipado. Pimpão, contratado junto ao América de Natal, teve grande participação: com sete gols, foi vice-artilheiro do time, atrás apenas do uruguaio Navarro (9). O detalhe é que participou apenas de metade da campanha. Em julho, foi negociado com um clube dos Emirados Árabes e deixou o Glorioso como um dos jogadores preferidos pela torcida.

Retorno

Rodrigo Pimpão Botafogo Olimpia Libertadores 16 03 2017Em 2017, Lua de Mel com a torcida na Libertadores (Foto: Satiro Sodré/SSPress/Botafogo)

Pimpão retornou ao Botafogo em 2016, e foi peça importante no time que começou o Brasileirão como candidato ao rebaixamento e finalizou a campanha classificado para a Libertadores, com a quinta colocação. Na campanha continental, o atacante viveu o seu auge pelo Glorioso, marcando cinco gols – alguns deles até flertando com a finalização de bicicleta. Mesmo naquele momento, o melhor do clube nos últimos anos, a avaliação geral era de um time apenas esforçado que através de muita entrega conseguia superar seus obstáculos. É possível dizer o mesmo sobre Rodrigo Pimpão, que desde aquela época já poderia ser visto dentro destes critérios como o rosto do Botafogo. A diferença estava nos resultados e no momento.

Entrega e queda de rendimento

Se a retórica popular dos torcedores pede, muitas vezes, para que o “suor da camisa” esteja sempre presente mesmo quando faltar técnica, o botafoguense não pode reclamar de falta de entrega por parte de Rodrigo Pimpão. E este é um mérito maior do que parece, afinal de contas estamos falando de um clube que convive com atrasos salariais.

“Vem mal nos últimos 70 jogos”, disse Montenegro no áudio vazado. E mesmo que a mensagem não viesse à tona, bastaria conversar com alguns torcedores do Botafogo para notar a insatisfação com o jogador que, vale lembrar, um dia já foi xodó.

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Com todas suas limitações, o Botafogo deste Século XXI inicia as principais competições mais próximo da linha inferior do que sonhando com títulos grandes, obtidos por equipes que possuem um grupo de atletas melhor. Mas em meio ao cenário que tem, não se entrega e também não foge à luta. O problema é que só entrega nem sempre é o bastante.

É por isso que, no ciclo desde o retorno à elite até o momento atual, é possível dizer que Rodrigo Pimpão personifica o Botafogo: no que tem de melhor como caráter de seus atletas, unidos em meio ao caos administrativo que vive o clube, e na consciência de que está longe dos tecnicamente melhores.

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