Como Luizão roubou a vaga de Élber na seleção brasileira pentacampeã em 2002

Na primeira parte de uma série de entrevistas concedidas à Goal Brasil, o ex-atacante Giovane Élber, um dos maiores ídolos da história do Bayern de Munique, deu a sua opinião sobre a dificuldade de Philippe Coutinho se firmar no clube bávaro e também falou sobre o retorno dos jogos da Bundesliga – o primeiro grande campeonato que retoma as atividades após a paralização do calendário por causa da pandemia do novo coronavírus.

Nesta segunda parte, Élber revelou como ficou de fora da Copa do Mundo de 2002 apesar de ter brilhado, um ano antes, no título de Champions League do Bayern, além de ter feito parte do grupo brasileiro naquele ciclo.

“Em 2002 eu vinha participando de toda a Eliminatória, estava no elenco, tanto com o Luxemburgo quanto com o Felipão. E aí quando faltavam dois jogos para terminar a Eliminatória me convocaram. Só que o Bayern não quis me liberar para viajar para o Brasil, porque estávamos chegando em fases finais de Liga dos Campeões e eles queriam que eu ficasse, para me curar o mais rápido possível de uma lesão, e voltar a jogar para eles”, disse.

Élber disputou um total de 14 jogos pela seleção brasileira, sendo a grande maioria (11) no ciclo entre 1998 e 2002. O jogador queria que a CBF entrasse em contato com o Bayern, para negociar a liberação, mas a resposta do então diretor técnico, Antônio Lopes, o surpreendeu.

Champions League FC Bayern Munchen Real Madrid Giovane Elber 09052001BongartsÉlber comemora gol sobre o Real Madrid, na Champions League (Foto: Getty Images)

“O Antônio Lopes disse ‘ô Élber, não tem isso de conversa com o clube não. Ou você vem pra cá ou você vai ser visto como um desertor. Você foi convocado, você tem que vir’”, diz Élber.

Técnico do Brasil, Felipão reforçou o recado.

“Eu disse que queria muito, mas era o clube que pagava o meu salário, não era a CBF. Eu estava lesionado, eles nem me ligaram para saber como eu estava durante a lesão. Aí eu pedi para eles conversarem (com o clube) e eles negaram. E aí o Felipão disse: ‘se você não vir e o jogador que eu chamar for bem, você perde a sua vaga’”.

E foi justamente o que aconteceu...

Luizão, que então jogava no Corinthians, foi chamado para o lugar de Élber, entrou em campo contra a Venezuela e seus dois gols na vitória por 3 a 0 garantiram a vaga do Brasil na Copa do Mundo de 2002... além de sacramentar a sua presença no grupo que terminaria campeão na Coreia do Sul e Japão.

“Vou fazer o que? Acabou que o Luizão acabou indo, fez gol e aí o Felipão levou ele para a Copa”, segue Élber, que garante não ter guardado mágoas e tampouco se arrependido de sua postura na época.

“Claro, você fica triste, participei de um período difícil nas Eliminatórias, participando do elenco, e perdendo o bonde no final. Mas eu não fiquei chateado com ninguém. Passou, vamos dizer assim. Não era para ser”.

Giovane Elber FC Bayern MünchenGetty ImagesÉlber atualmente é um dos embaixadores do Bayern (Foto: Getty Images)

“Hoje vejo que não perdi nada. Hoje eu continuo no clube, trabalhando, e pronto. E a CBF nunca deu uma ligação para nada, nem aniversário”, completou.

Em toda a sua carreira defendendo a seleção brasileira, Élber marcou sete gols em 14 jogos; em 12 partidas, Luizão balançou as redes em quatro ocasiões.

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