De um lado, a gratidão, o carinho e as boas lembranças do passado. Do outro, o sonho e a pressão do presente.
Ex-Napoli hoje no PSG, Edinson Cavani é um dos principais personagens de um dos maiores, mais chamativos e importantes duelos da 4ª rodada da fase de grupos da Champions League nesta terça-feira (6). Para construir um futuro melhor, com menos pressão e manter vivo o sonho europeu, o uruguaio quer ajudar o seu presente a vencer o seu passado.
Afinal, às 18h (de Brasília), o Paris Saint-Germain precisa da vitória para não se complicar ainda mais e seguir sonhando com uma vaga no mata-mata da competição europeia. O time do atacante uruguaio está apenas no terceiro lugar do grupo C, com quatro pontos. O Liverpool lidera com seis, enquanto o Napoli é o segundo colocado, com cinco unidades.
O PSG precisa vencer. Se empatar e, principalmente, perder, ficará em situação desesperadora para conseguir se classificar para as oitavas de final da competição europeia e verá a pressão pelo sucesso na Champions League aumentar ainda mais.
Isso porque o investimento nas últimas temporadas não foi baixo. "Apenas" Neymar e Mbappé custaram 402 milhões de euros aos cofres do PSG, sendo os dois jogadores mais caros da história do futebol. Não é necessário tamanho investimento para dominar o futebol francês e seguir sendo eliminado precocemente na Champions League. O caminhão de dinheiro, afinal, foi usado para realizar um sonho europeu.
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E uma das armas dos parisienses para vencer o Napoli e seguir sonhando em finalmente fazer bonito no torneio europeu é Cavani, um dos altos investimentos do clube nos últimos anos. O uruguaio pode não viver seu melhor momento nesta temporada, atuando aquém do esperado e sem marcar tantos gols como é habitual, mas segue sendo referência e um dos principais nomes do elenco.
Com muitos tentos e grandes atuações, o atacante foi vital nas várias conquistas domésticas do PSG nas últimas temporadas e já se consolidou como um dos grandes nomes da história do clube. E, curiosamente, se é importantíssimo em Paris, Cavani também foi vital no Napoli, o difícil adversário dos franceses nesta terça, e não "apenas" dentro de campo.
Cavani conquistou uma Coppa Italia e marcou 78 gols pelos Partenopei em suas três temporadas no clube, sendo o artilheiro do time em todas elas. Na última, ele também foi o goleador da Serie A, com 29 gols. Sua importância para o Napoli, porém, não ficou "apenas" dentro das quatro linhas. O uruguaio também foi fundamental para fazer o clube se firmar entre os grandes após deixar a Itália rumo ao PSG.
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Isso porque o Napoli aproveitou muito bem os 64,5 milhões de euros que recebeu do clube francês ao vender Cavani em julho de 2013. O tradicional clube italiano já vinha bem e se recuperando enquanto contava com o uruguaio em seu elenco, mas foi após a sua venda que os Partenopei se firmaram de vez entre os grandes.
Acontece que, na mesma janela em que vendeu o atacante, o Napoli se reforçou muito bem usando o dinheiro que recebeu do PSG. Com os 64,5 milhões de euros da venda de Cavani, o clube italiano contratou Mertens (€ 9,5 milhões), Callejón (€ 9,5 mi), Higuaín (€ 37 mi), Reina (de graça) e Jorginho (€ 5,5 mi). Todos eles foram fundamentais para os Partenopei nos anos seguintes.
É claro que Maurizio Sarri teve um impacto enorme tirando o melhor de cada um deles, especialmente Jorginho e Mertens temporadas depois, mas foi a venda de Cavani em 2013 que proporcionou ao Napoli a possibilidade de contratar tantos bons e importantes reforços e dar um grande passo para se firmar.
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Afinal, dos reforços contratados com o "dinheiro de Cavani", Reina foi o goleiro titular do clube até esta temporada, quando foi para o Milan e Ospina tomou o seu lugar; Jorginho foi titular absoluto e peça fundamental no meio-campo, quebrou marcas, mostrou belo futebol e hoje é titular da seleção italiana e estrela no Chelsea, que o contratou por 60 milhões de euros; Higuaín foi o artilheiro do time em todas as suas temporadas em Nápoles, em 2015/16 bateu o recorde de gols da Serie A (36), e depois acabou negociado com a Juventus por incríveis € 90 milhões; Mertens foi o goleador da equipe nas duas temporadas após a saída do argentino, sempre mostrou um ótimo futebol e segue sendo peça importante no elenco; já Callejón é titular e um dos principais nomes dos Partenopei desde sua chegada.
Além do enorme valor recebido, que permitiu a contratação de tantos ótimos e importantes jogadores, e também o gigante retorno financeiro com as vendas daqueles já negociados, especialmente Jorginho e Higuaín, vendidos por enormes quantias, a venda de Cavani também permitiu ao Napoli montar um excelente elenco, que manteve sua base nos últimos anos e se firmou entre os grandes.
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O time italiano participou da Champions League em todas as temporadas desde a saída do uruguaio, exceto 2015/16, e teve ótimas campanhas na Serie A, sendo o principal adversário da poderosa Juventus na luta pelo título, terminando a competição, na sequência, na 3ª, 5ª, 2ª, 3ª e 2ª colocações desde a venda de seu antigo artilheiro.
Nesta terça, porém, Cavani tem a missão de parar o ótimo time que ajudou a construir e se firmar nas últimas temporadas com a sua negociação. Pensando no futuro e para manter vivo o sonho europeu do seu clube atual, o uruguaio quer ajudar o PSG a vencer o seu passado, um Napoli que ele ajudou no passado dentro e fora de campo e ainda ajuda no presente, mas que ele não quer ajudar no futuro, pelo menos não no futuro próximo desta noite.
