Fabio Cruzeiro 2018© Sergio R Oliveira/Light Press/Cruzeiro

Cinco Estrelas: a Fábio, Copa faria justiça!


Por João Henrique Castro


A polêmica da semana construída em torno da convocação do terceiro goleiro da Seleção para a Copa 2018 movimentou o noticiário esportivo.  Não deveria, afinal parece óbvio que a convocação de Fábio para o Mundial seria um exercício de justiça.

Buffon, Casillas, Neuer..... Esqueça! No Brasil, goleiro algum alcança este estatuto desde Taffarel e seus 123 jogos pela Seleção brasileira e as três Copas da década de 90 como titular com a camisa canarinho.

Bons nomes e candidatos não faltaram. Marcos foi espetacular na campanha do Penta e Dida teve seus momentos de brilho. Júlio César, goleiro das últimas duas Copas, foi gigante nos torneios menores, mas falhou nos Mundiais, especialmente na África do Sul. E nomes como Hélton, Jeferson, Victor, Rogério Ceni, Cássio e outros foram tendo suas chances, sem chegar a titularidade.

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Na lista acima, pode-se contar nos dedos de uma mão, e não vai se completar, quantos tiveram uma carreira mais consistente que Fábio. A exceção dos períodos em que esteve lesionado, o goleiro cinco estrelas foi titular e esteve entre os melhores do país em todo período em que está no Cruzeiro.

Fabio Cruzeiro 2018© Washington Alves/Light Press/CruzeiroFoto: © Washington Alves/Light Press/Cruzeiro

Curiosa e injustamente, a única chance relevante que teve na Seleção foi na reserva de Júlio César na Copa América de 2004, quando ainda defendia a camisa do Vasco da Gama.

Neste período, até sensações que não resistiram a uma temporada como destaque tiveram suas chances. O exemplo mais recente, e bizarro, é o de Alex Muralha. Nas Olimpíadas, Fernando Prass só não foi o titular por uma lesão e Micale apostou em Weverton na ausência do primeiro, lesionado.

Enquanto isso, Fábio brilhou, empilhou taças, esteve em variadas seleções de campeonatos. E nada de chances.

É bem verdade, e é necessário reconhecer, que Tite dispõe de dois goleiros em evidência no futebol europeu. Alisson, em quem deposita confiança, e Ederson, destaque do Manchester City e xodó de Guardiola. Ainda sim, a terceira vaga está lá. Sorrindo para Fábio. Ou ao menos deveria, caso a convocação de Tite, enfim, resolvesse fazer justiça.

Fábio Cruzeiro Flamengo Copa do Brasil 27092017Foto: © Cristiane Mattos/Light Press/Cruzeiro

Nos últimos Mundiais, a vaga de terceiro goleiro foi usada ou para promover uma revelação ao grupo da Seleção ou para coroar uma carreira. Neste caso, o exemplo mais claro é o de Gilmar Rinaldi que fez apenas 9 jogos com a camisa da Seleção, mas fez parte do grupo do Tetra em 1994, um ano antes de partir para o Japão onde encerrou a carreira.

Em 1998, 2002 e 2006, Dida, Rogério Ceni e Júlio César, respectivamente, ocuparam o posto visando Mundiais futuros. Mas em 2010 e 2014, Gomes e Victor tinham mais de 30 anos e voltaram a mostrar a preocupação da comissão técnica em ter experiência nesta alternativa.

Para a Copa de 2018, Taffarel, a quem cabe no fim das contas definir os conselhos a Tite sobre a posição, tem defendido que o terceiro goleiro seja experiente até mesmo pela juventude dos dois primeiros da posição. Cássio, Marcelo Grohe e Diego Alves são os mais cotados, mas, convenhamos, nenhum reúne a regularidade, a liderança e a experiência que Fábio traria ao grupo.    

No fim das contas, este texto deve acabar por ser apenas mais um dos apelos não ouvidos na CBF para a correção desta injustiça. Alimentada pela mídia que, vejam vocês, já fala até em Jaílson, antes de falar no Fábio. Depois de Dirceu Lopes e Alex, parece que Fábio será mais um celeste a ser injustiçado com a camisa canarinho.

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João Henrique Castro é professor, historiador e, obviamente, cruzeirense. Daqueles que sabe que nada brilha mais no céu do que as cinco estrelas que traz no peito.
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