Montillo Botafogo Resende Carioca 02 04 2017Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo

Walter Montillo decepcionou no futebol, mas foi gigante como pessoa


Por Tauan Ambrosio 


Montillo chegou ao Botafogo cheio de expectativas. Foi a grande contratação do Glorioso para a temporada 2017, um investimento alto para um clube com finanças combalidas. Além do ganho técnico, o ânimo da torcida, que abraçou o argentino em sua apresentação, estava em sua última temporada pelo Shandong Luneng – quando teve suas melhores marcas individuais na China. Além, é claro, das lembranças da bola que o meia jogou pelo Cruzeiro em um passado nem tão recente.

O novo contratado recebeu a mítica camisa 7 do clube e deu pequenas mostras de sua habilidade. No primeiro jogo da pré-Libertadores, contra o Colo-Colo, teve papel importante no segundo gol que sacramentou os 2 a 1. Mas desde o início as lesões atrapalharam a sua sequência. Montillo ficou de fora de partidas importantes, e cada vez que voltava carregava consigo a expectativa de marcar um gol ou fazer a diferença.

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Montillo Botafogo apresentação torcida 11012017Montillo Botafogo amistoso Rio Branco 23 01 2017Apresentação e o único gol anotado, em amistoso contra o Rio Branco (Fotos: Vitor Silva/SSPress/Botafogo)

Arriscou chutes perigosos de fora da área, se dedicou... mas não conseguiu se livrar da marcação implacável de seu próprio corpo. Embora tenha contabilizado cinco lesões em meio ano como jogador do Glorioso, o grande período de ausência foram os dois meses que separaram um jogo contra o Resende, pelo Campeonato Carioca, da partida contra o Santos no Brasileirão.


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No mesmo período, alguns torcedores cegos de paixão ou sem alguma bondade no coração, acusaram o argentino: pediam para que ele devolvesse os salários recebidos no período em que não jogou. Apesar de a ideia ser absurda, Montillo confrontou esse pequeno grupo mas ofereceu os dois meses de seus vencimentos ao clube – que recusou prontamente.

Montillo Botafogo Avai Brasileirão 28 06 2017Foto: Satiro Sodré/SSPress/BotafogoMontillo último jogo Botafogo Avaí 29 06 2017Montillo, em seu último jogo pelo Botafogo (Fotos:Satiro Sodré/SSPress/Botafogo)

A nova lesão na panturrilha, contra o Avaí, foi a gota d’água para o jogador de 33 anos. Cabisbaixo, ele desceu para os vestiários. O prognóstico no pós-jogo era pessimista, mas o desfecho da história foi ainda mais impressionante. Montillo, que tinha contrato até o fim de 2017 em General Severiano, optou por uma rescisão amigável com o Botafogo e anunciou a sua aposentadoria.

É lógico que a passagem de Montillo pelo Botafogo foi decepcionante. Nenhum gol, nenhuma tabela encantadora com Camilo ou sequer uma grande disputa com o camisa 10 do time.  O talento individual não apareceu para fazer a diferença. Entretanto, durante os seis meses no Botafogo o argentino não foi peça nula como alguns podem acreditar. Dentro do que podia fazer, sempre estava presente: em discursos nos vestiários, comemorações com os companheiros ou mostrando o total envolvimento com a camisa alvinegra.

Poderia ter ficado quieto, recebendo os seus cerca de R$ 400 mil mensais. Ou entrar em alguma polêmica. Mas não. Demonstrou um profissionalismo raro de se ver nos dias atuais. Admirável. Quando anunciou o acerto com Montillo, o Botafogo e seu torcedor acreditaram que viria um grande jogador – que fosse repetir as suas atuações com as camisas de Universidad de Chile e Cruzeiro, entre 2007 e 2012. Não foi o que aconteceu, e não pela falta de vontade de ambos os lados desta história.

Mas se Walter Montillo não demonstrou, no Botafogo, ser um grande jogador, demonstrou ser um homem de caráter. Que seja feliz nas suas próximas empreitadas.

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